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ZEBUNAREDE ENTREVISTA - TUYO


Por: André Montandon

Um dos principais nomes da música independente da atualidade, retornou à Uberaba no dia 15 de abril, a convite do Laboratório 96, para um show super especial em comemoração ao 6 anos deste importante espaço cultural, no Teatro Sesi Minas.

Mesmo em meio a "turbulência" provocada pela pandemia da Covid-19, Jean Machado e as irmãs Lilian (Lio) e Layane Soares (Lay), apresentaram ao público em 2021, o seu terceiro álbum  - "Chegamos Sozinhos em Casa", que foi recebido com muito carinho pelos fãs e pela crítica especializada. O reconhecimento deste novo trabalho foi confirmado com indicações ao Prêmio Multishow na categoria “Canção do Ano” com a música “Sonho da Lay” e ao Grammy Latino na categoria "Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa".

Única banda brasileira a integrar o show de abertura do Festival South by Southwest 2022 (SXSW), realizado em março, a Tuyo agora apresenta um novo registro de sua ida a Austin, no Texas. A live session –  criação da Space ATX, um estúdio estadunidense focado em inspirar novos artistas, preservando sua herança cultural, reúne faixas do novo álbum como “Sonho da Lay” e “Pra Curar”,  disponível no  canal de YouTube do estúdio norte-americano.

Lio, Lay e Machado carregam um histórico com o principal festival de inovação do mundo. Em 2021, o trio participou da edição digital com uma performance que rendeu uma crítica elogiosa do The New York Times, elencando o show como um dos melhores da edição. Não à toa que a estreia do grupo na versão presencial do SXSW, ocorrida em março, contou com mais duas apresentações, além do show de abertura: na Igreja St. David 's Historic Sanctuary e no palco da casa Augustine. 

Aproveitamos esse novo encontro com o trio após três anos da última visita, para matar a saudade e realizar a entrevista que você conferi a seguir:

- O disco "Chegamos Sozinhos em Casa", lançado no ano passado, proporcionou indicações ao Prêmio Multishow e ao Grammy Latino. Além de novas experimentações sonoras nas versões presentes em Fragmentos (2021) e Fragmentos 2 (2022). Nos contem um pouco sobre o processo de produção deste celebrado álbum e das novas possibilidades exploradas?

Tuyo - O álbum “Chegamos Sozinhos em Casa” é fruto de um edital, então as possibilidades de feitura pra gente foram muito diferentes por conta do recurso, né? Foi a primeira vez que a gente fez algum trabalho que tinha tempo e recurso para serem realizados. O “Fragmentos” também é fruto de um edital, então são dois trabalhos que permitiram que a gente conseguisse ultrapassar algumas barreiras no que diz respeito à linguagem e à estética. Então o processo de produção do álbum e também dos desdobramentos do álbum tem uma riqueza, uma paleta muito maior. Ainda alicerçado nas coisas, nos elementos que a gente costumava usar, uma camada muito densa de empilhamentos de voz, os nossos temas ainda estão presentes, vida, morte, tempo, ruptura, território, separação, isso ainda é muito presente, mas acredito que com uma profundidade, um tempo de apreciação e de reflexão maiores do que a gente foi capaz de construir até então no “Pra Doer” e no “Pra Curar”,  colocando esses trabalhos contraste. Tem sido muito prazeroso, muito delicioso, muito saboroso observar que a dedicação que a gente empenhou nesse projeto e a sinceridade, a franqueza com que ele foi feito tem recebido esse tipo de reconhecimento como o Prêmio Multishow e o Grammy Latino. Isso inspira a gente, motiva a gente pra continuar, construindo essa grande galeria de discos, obras, enfim.

- Como foi participar presencialmente do maior festival de inovação do mundo em Austin, no Texas. Após uma performance elogiada pelo The New York Times na edição digital do SXSW (South by Southwest) em 2021?

Tuyo - O convite para participar do South by Southwest foi uma surpresa pela primeira vez e uma surpresa pela segunda vez justamente por termos participado da primeira. Então, acredito que a nossa presença no festival aponta muito para coisas que a gente tem vontade de sinalizar. A gente usa metáforas e recursos para sinalizar coisas muito pragmáticas, né? Como o passado está aliado ao futuro, então usar recursos tão ancestrais como as nossas histórias, nas nossas mãos, corpos e colocar esse panorama tão antigo numa estética tão próxima do que a gente observa do futuro, no sentido de misturar a organicidade com sinteticidade, enfim… Ter um projeto como esse caminhando para o South by Southwest, que é um festival focado em música, futuro e tecnologia, é uma espécie de confirmação de que a gente está conseguindo comunicar o que esse disco nasceu pra comunicar. Muito importante a gente se ver diante de outros artistas, outras linguagens para além do que acontece no Ocidente. A gente teve acesso a uma infinidade de shows muito diferentes do que a gente estava acostumado a ver, muito distante da nossa realidade aqui, ter a possibilidade de não só sermos reconhecidos mas de poder estudar, observar o que está acontecendo no nosso tempo, o que está acontecendo em outras linguagens, como é que a música se comporta em outras linguagens, enfim. Está sendo muito inspirador.

- Tivemos a grata surpresa da parceria da banda com os nossos conterrâneos do Black Pantera na música "Estandarte" do recém lançado álbum "Agressão". Conte-nos um pouco sobre o feat.

Tuyo - Eu me lembro da primeira vez que nós assistimos o show do Black Pantera, no Festival Timbre antes da pandemia. Nós participamos do festival logo no começo e a gente ficou, permaneceu pra conseguir acompanhar os outros espetáculos. E eu lembro do transtorno que acometeu a gente. Nós estávamos no timbre assistindo aos shows passeando pelos palcos, né?  E aí a gente ouviu umas guitarras muito pesadas, a gente olhou no palco e tinha um pessoal muito parecido com a gente fazendo música e eu fiquei deslumbrada com o impacto da presença do Black Pantera no palco. E eu lembro que a partir dali, nasceu uma admiração que a gente espera que em breve se transforme numa amizade. A gente mora longe, né? E fica complicado pra gente conseguir dividir um café, dividir um pão de queijo. Mas a gente conseguiu pelo menos dividir uma canção. O convite do Black Pantera foi muito generoso porque eles nos deixaram extremamente livres para construir as camadas do que a gente acreditava que a canção precisava naquele momento, então foi muito prazeroso poder trabalhar com liberdade e conseguir providenciar também esse intercâmbio de fãs, né? De pessoas que acompanham os projetos, A Tuyo parece ser um projeto muito contrastante com Black Pantera, mas eu entendo que o nosso objetivo final ou os desdobramentos das nossas músicas passam pelo mesmo lugar que inclui corpos diferentes em lugares frequentados por outras pessoas durante muito tempo, é rearranjar a imagem que a música tem que ordenar o que se pensa sobre rock, pop, soft pop, dream pop, enfim, sobre música brasileira. Então para além da gente ter uma simpatia e um carinho muito grande pelos meninos, poder fundir essas expressões foi muito prazeroso.

- Para finalizar, mandem um recado pra galera de Uberaba e região que estava com saudade de vocês e puderam sanar um pouco dessa saudade no encontro especial que aconteceu no Teatro Sesi Minas.

Tuyo - Uberaba é uma espécie de casa pra gente porque os interiores brasileiros se parecem muito. A gente se criou em Londrina que é norte do Paraná, eu sinto que o cafézinho segue o mesmo na mesa.  A gente se abraça, se cumprimenta e se relaciona de maneiras muito parecidas. Foi muito gostoso matar uma saudade de tanto tempo. Uberaba foi muito importante na construção da Tuyo. Na primeira vez que a gente foi pra cidade, a gente ainda tinha muitas dúvidas com relação de com uma banda independente precisa realizar coisas, e eu lembro que as meninas que operam ali no Espaço Laboratório 96 tinham muita experiência pra dividir, foi muito gostoso pra nós. Então, voltar para Uberaba, que foi um lugar em que a gente passou logo no início da Tuyo, é sempre muito gostoso. Tem um clima de celebração, de festa, de retorno, e não só por conta do aniversário, né? Do Espaço Laboratório 96, mas também ter a oportunidade de conhecer o teatro SESI Minas, e ver que o nosso som cresceu a ponto da gente conseguir operar um espetáculo em Uberaba, num teatro, foi muito muito muito prazeroso. A gente já está com saudade, já está com vontade de voltar. 

Registro dessa linda apresentação e é claro que não perdi a oportunidade de tietar a banda. Fotos: zebunare.com

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