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ZEBUNAREDE ENTREVISTA - INSURGÊNCIA SERTANEJA


Por: André Montandon e Verônica Furtado

Da esq. para dir: João, Maycol, Karine, Pedro e Jéssica. Foto: Renata Reis
Formada por Jéssica Carvalho (violão e voz), João Chiaratti (percussão, viola e voz), Karine Rodrigues (violino e voz), Maycol Mundoca (alfaia e voz) e Pedro Calota (percussão, violão e voz), a Insurgência Sertaneja é uma banda de música autoral uberabense, que trabalha os diversos ritmos melódicos e poéticos do sertão. Em uma mistura de música e poesia, a banda faz releituras de ritmos essencialmente brasileiros, fazendo uma viagem aos sertões através de ritmos como o baião, o carimbó, o congado, a moda de viola e o cordel em busca de desmistificar o sertanejo. 

Mesmo com pouco tempo de carreira, a Insurgência Sertaneja já levou a sua arte para diversas cidades do país, em festivais e eventos, dividindo palco com grandes nomes da musica brasileira.  Além do lançamento do álbum de estreia, "Meu sotaque, minha sina", em 2017.  Agora, o "bando" (como eles mesmos denominam),  prepara um super show cheio de novidades, no dia 18 de maio (sábado), em comemoração dos 2 anos de carreira, no Teatro Sesi Minas Uberaba -  às 20h. 

Aproveitando esse momento especial, batemos um papo exclusivo com esses artistas maravilhosos. Confira:

- O que é a Insurgência Sertaneja?  

A Insurgência é uma grande mistura sonora, que tem como referência básica as manifestações populares. Essa mistura é justamente para representar a diversidade que há nos sertões brasileiros, de forma coincidente cada integrante é de um lugar diferente do país, esse encontro com certeza é uma característica marcantes da banda, é com as diferentes referências artísticas e culturais que cada integrante vai se criando e gerando sua própria insurgência. (Karine)

Somos fruto da nossa terra, trazemos na nossa essência as simplicidades e as complexidades dos sertões brasileiros, das histórias, ocupações, ritmos e peculiaridades. Somos a cidade, mas nunca deixamos de ser o campo, somos essa síntese, somos as diversas paisagens, ritmos e culturas desse imenso sertão que é o interior do Brasil, que extrapola os limites geográficos. (João)

Acredito que antes de tudo somos nossas próprias trajetórias de vida, emocional, geográfica, cultural. Eu por exemplo sou as estórias e cantigas que aprendi com minha avó. acredito que cada integrante da insurgência e cada ouvinte da insurgência se conecta antes de tudo com sua própria história de vida. (Mundoca)

 - Toda essa riqueza visual e sonora do grupo, nos remete ao sertão e as raízes do maracatu, baião, congado, carimbó e cordel. Sem esquecer da poesia. Demonstrando como esse projeto é importante e especial para cultural brasileira. Como tudo começou?

Bom, o projeto tem em sua essência a influência das diversas manifestações musicais, religiosas, visuais da cultura popular brasileira, quando a gente fala de diversidade, muita gente não tem a noção exata da imensidão disso tudo isso aqui no Brasil, eu pessoalmente não tinha muita noção, eu venho de outro contexto, outro cenário, venho da cultura erudita, de partitura, de disciplina, foi estudando para tocar na Insurgência que descobri a imensidão dessas práticas e como elas carregam a história do povo brasileiro de forma tão consistente. Eu falo de estudo, porque muita gente e até eu mesma podemos cair no erro de achar que o fazer artístico é meramente intuitivo, mas para criar, acertar, é preciso estudar, não só música, mas ir na história. A poesia também é algo que está presente de diversas formas na vida de cada integrante, todos escrevem, isso com certeza também é uma das coisas que fazem a verdade da insurgência, todos compõe, todos criam, todos estão muito dentro disso de uma forma muito intensa. (Karine)

Ia ser uma peça de teatro, chamada de “Insurgência do Sertão” retrataria o êxodo dos nordestinos voltando às suas origens, trazendo consigo os desafios e as saudades que enfrentaram nessa jornada. A ideia era ter uma banda fazendo a trilha sonora da peça, com composições autorais, mas logo, fomos convidados pra levar um trechinho no Slam Ondaka, e dessa primeira apresentação pessoal começou a chamar de “banda”, daí vieram novos convites e como não se nega a arte, fomos aceitando. Como não eramos e não somos uma banda decidimos chamar de “Bando” (Jéssica Carvalho)

- Como foi o processo de criação e produção do álbum de estreia intitulado de "Meu sotaque, minha sina"? 

 Olha, foi um álbum que gravamos muito rápido, em um mês. Porque tudo foi muito rápido.
As músicas basicamente eram do Maycol e da Jéssica (...) Começamos a tocar em muitos lugares, Do nada, ou do quase nada, nos tornamos uma banda, nomeada pelo povo e cá estamos. (Karine)

Trabalhamos essas músicas,  compusemos outras, e sentimos a necessidade de registrar. Foi tudo muito rápido, logo que a banda surgiu. Com apenas três meses de banda decidimos gravar o álbum, e assim fizemos no intervalo de um mês. Gravamos no Estúdio2 com nosso amigo João Mandergan, que também produziu o álbum e gravou os baixos. Pelo fato de tudo acontecer tão rápido nesse primeiro momento, alguns detalhes saíram de forma improvisada na gravação e depois foram incorporados nas apresentações. Foi uma grande experiência em todos os sentidos. (João)

Acho que o chama atenção é o registro sabe. É tipo perceber a arte como um retrato de um tempo. Aquele album diz muito do nosso sentimento na epoca. E é a nossa contribuição para falar dos sentimentos que tavam circulando. Tem erro? tem! tem acerto tem. Mas o “Meu sotaque minha sina” tem de verdade é muito sentimento. Parece muito clichê mas é isso. Precisava ser naquele momento e não tinha como ser diferente. (Mundoca)



- Com apresentações no Corredor Cultural, Festival Urucum, no Encontro Cultural de Artes Livres, no Forró da Lua Cheia, além de dividir o palco com Saulo Laranjeira. Podemos afirmar que 2018 foi um grande ano da banda?

Sim, com certeza foi um grande ano! Fomos a lugares que não esperávamos ir, e isso também traz muita coisa pra gente. Olha, como somos de outras áreas que não se baseia apenas a música, somos acima de tudo observadores e pesquisadores, as viagens além de uma grande oportunidade de divulgação do nosso trabalho, também ampliaram nosso repertório de criação. Subir no palco com Saulo Laranjeira foi algo de fato muito significativo internamente mesmo pra gente. O Forró da Lua Cheia é um grande festival, isso realmente foi excelente, conhecemos muitos artistas, muitas bandas isso também foi essencial, além de divulgar nosso trabalho para pessoas de muitos outros lugares. No Corredor Cultural passamos pelo Rio de Janeiro, São João Del Rei e Lavras… ( Karine)

Com certeza, foi um ano de aprendizado... Um ano de crescimento musical e artístico de cada membro da banda, o que fortaleceu nossas relações. Mais do que as nossas apresentações, a oportunidade de estarmos em contato com os bastidores das programações nos deram outra visão sobre como funciona o mundo da música e como se dá a valorização da cultura nos diferentes lugares. (João)

É muito incrível a nossa arte nos levar a lugares que não imaginávamos. A nossa arte nos levar a pessoas e lugares. Isso é lindo. A segunda é a recepção da nossa música, a valorização do que fazemos. Em todos os lugares que fomos, ouvimos relatos lindos, do quanto os instrumentais, as poesias tocam o mais profundo das pessoas, que faz chorar, rir, dançar… tiram as amarras, que muitas vezes a sociedade impõe, quebram as barreiras. Outro ponto que me encanta, é que apesar de sermos consideravelmente jovens, nossa música toca as crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, já recebemos muitos abraços, fotos e beijos de senhores e senhoras que param para nos ouvir, e ao final do show, receber a benção dessas pessoas é algo impressionante. Dado a tudo isso, 2018 com toda certeza foi um grande ano para a Insurgência. (Jéssica Carvalho)



- Como estão os preparativos para essa grande apresentação no Teatro Sesi Minas Uberaba, em comemoração aos 2 anos de carreira?

Estamos a toda! Muita correria numa construção que tá linda. Estamos contando com o apoio da Luciana Lima na direção e no cenário. Wellington Sabino na iluminação. E tudo feito com muito carinho com essas mãozinhas aqui. Além do mais vai ser no SESI MINAS que a gente adora, palco de grandes apresentações e onde já tivemos a honra de pisar. Já faz um tempo que não tocamos em Uberaba, então a expectativa é de um espetáculo especial, na nossa casa, com nossos amigos e as pessoas que estão conosco desde o início. Estamos ansiosos para dar o nosso melhor e trazer novidades que nosso bando merece! Sim. Sim. Vai ter música nova e muita poesia. Estão todos convidados!! (Insurgência Sertaneja)


Mais informações sobre o evento, acesse:
https://www.facebook.com/events/847468708933459/

- Agora pra finalizar! Quais são as novidades para esse ano e qual é a mensagem que vocês deixam pra galera do zebunarede que é fã da Insurgência Sertaneja? 

Bom, são muitos projetos, estamos gravando singles do antigo espetáculo como faixas extras do primeiro álbum, “ Meu sotaque, minha sina”, e nos preparando para lançar nosso segundo álbum. ( Karine)

Esse ano, decidimos fazer tudo com mais calma e com muito detalhe, temos muita música boa que está no forno, sairão quentinhas e com riquezas de detalhes. Dessa vez a composição está sendo feita pelos cinco, às dez mãozinhas se juntando. Posso dizer que será um amadurecimento da Insurgência Sertaneja. Muita poesia, arranjos e melodias totalmente nova. O primeiro lançamento será o single que já cantávamos no Show do Meu Sotaque Minha Sina, mas que não estava inserido no primeiro álbum AnarcoPeste, os próximos será 100% inéditos. Estamos muito ansiosos para mostrar a nossa família insurgente esse trabalho. (Jéssica Carvalho)

Gostaríamos de agradecer à todo o pessoal do bando, que sempre estão presente nos shows, nas nossas redes sociais, que nos mandam mensagens, que sempre estão querendo saber das novidades e se a banda vai acabar porque o Maycol vai mudar de cidade. Gente, Aracaju é logo ali, e nosso coração não mede quilometragem! (João)

Dizer pro povo do Zebu na rede que nós é fã deles também né? Agradecer pelo carinho, pela força. A todo mundo que apoia e que fortalece a música autoral. Dizer que nós somos porque vocês são com a gente. Tamo junto e misturado. (Mundoca)

Valeu galera!! Vocês são demais, sucesso sempre😊.
Curtiu a entrevista? 
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