Volume de livros encaminhados para a reciclagem no início da semana passada pela Escola Municipal Santa Maria pesou 3,7 toneladas, o que teria rendido, considerando preço médio de mercado, algo em torno de R$390. Contudo, segundo revelou o proprietário da empresa que realizou o recolhimento, o material foi doado. A medida gerou reação por parte das cooperativas que realizam a coleta seletiva na cidade.
Na ultima terça-feira, os funcionários da CST (Coleta Seletiva e Transportes) estiveram na escola e recolheram exatos 3.570 quilos de livros, destinados à reciclagem. Mesmo sendo uma empresa privada, que paga pelo material, a CST recebeu os livros como doação.
Segundo o presidente da empresa, Nabi Francisco Gouveia, a empresa não é prestadora de serviço, compra e vende materiais reciclados diversos. “Temos uma movimentação mensal de duas mil toneladas de materiais reciclados por mês, que vem do setor privado ou público”, explica Nabi, ressaltando que o material que recebeu da escola foi doado e será encaminhado a uma indústria de papel em outra cidade.
Entretanto, a decisão gerou reação dos representantes das cooperativas da coleta seletiva do município Cáritas e Cooperu, que são parceiras da prefeitura. Segundo o presidente da Cáritas, Sebastião Francisco de Freitas, a instituição recebe apenas doações, em que o material recebido é vendido e o dinheiro é repassado a um projeto social de combate à fome e violência, “sendo assim, dependemos dos materiais entregues para manter o projeto”, explica Sebastião.
Hoje a Cáritas recebe qualquer tipo de material destinado à reciclagem, retirando apenas os orgânicos. No caso dos livros, quando chega à instituição, é feito um serviço de triagem: aqueles que estiverem com boa qualidade são repassados a uma biblioteca, o restante é encaminhado à reciclagem.
Sebastião explica que, caso recebesse doações de livros, o preço estipulado é de R$0,12 o quilo para paginas como a capa, por ser papel cartolina. O papel colorido é vendido pelo valor de R$0,07 o quilo, enquanto o branco, que tem um maior valor agregado, R$0,16 o quilo. Considerando o valor médio pago pelos três tipos de papel, pois os livros são confeccionados com os três tipos de papel, o valor que seria pago à Escola Municipal pela empresa seria de, no mínimo, R$392.
Com este valor seria possível comprar cerca de 10 livros de literatura para o enriquecimento da biblioteca. No caso da Cáritas, Sebastião comenta que a cooperativa teria revertido o valor para uma ação social. “Cada um tem um jeito de pensar, mesmo que seja errado aos olhos da sociedade. Com certeza, esse material seria bem-vindo para nós continuarmos nesta atividade, pois, além de ter um objetivo social, o programa que trabalhamos também é voltado para o ambiental”, explica Sebastião.
A diretora da Escola Municipal Santa Maria, Valéria Salgado, revelou que apenas fez o pedido à Secretaria de Educação, para que encontrasse a forma mais viável para descartar os livros. Valéria revelou que teve de catalogar todos e a escolha da empresa de coleta seletiva que iria buscar o material ficou por conta da secretaria.
De acordo com a subsecretária de Educação, Mara Bóscolo, a CST foi contatada por uma sugestão dos funcionários do Departamento Central de Arquivos e Documento, locado na Secretaria de Administração. “Não sabíamos que a empresa era privada, a nossa intenção era somente encontrar uma solução para a escola”, explica a subsecretária.
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